Qual a acessibilidade para o autismo?
*Por Amanda Ribeiro
Muito se fala em acessibilidade para pessoas com deficiência, e, hoje, muitos estabelecimentos já possuem acessibilidade para a maioria das deficiências físicas: elevadores, banheiros adaptados, rampas, piso tátil. Antes de construir os estabelecimentos, eles são obrigados a seguir as normas da ABNT, mas não podemos limitar a acessibilidade apenas a construção de rampas para cadeirantes. Além de deixar uma cidade acessível, tirando as barreiras arquitetônicas, é necessário também ter pessoas habilitadas a se comunicar, lidar, atender, disponibilizar material turístico acessível e treinar funcionários para atender essas pessoas.
É muito importante ter em mente que as pessoas com deficiência têm o direito de estar nos mesmos locais em que todos nós estamos.
E se o turismo está a alcance de todos, ele não deveria excluir ninguém de todas as atividades promovidas, seja em qualquer destino ou serviço. O turismo deveria facilitar o acesso de todos a todas as atividades com qualidade, conforto, segurança e com toda a beleza e excelência que pode oferecer.
Realizar medidas de adequação e capacitação de destinos, atrações turísticas, parques, hotéis, estabelecimentos, trazem um enorme ganho social. Essa troca, interação e inclusão das pessoas com deficiência promovem mais qualidade de vida e oportunidades iguais ao lazer, que é direito de todos.
O turismo acessível, além de promover a inclusão, é uma ótima oportunidade econômica. Estima-se que no Brasil, 24% da população tenha algum tipo de deficiência, isso seria mais de 45 milhões* de pessoas, muitas, desses milhões, poderiam consumir mais serviços e produtos relacionados ao turismo e lazer. É muito comum ouvir de estabelecimentos sobre a pouca demanda de pessoas com deficiência no turismo, mas é preciso estar preparado e capacitado para que a demanda aumente, não dá para construir a rampa na hora em que uma pessoa com deficiência chegar, não existe inclusão sem capacitação.
Não dá para incluir só tendo um bom coração, boas intenções, você pode ser muito amável, carinhoso, mas não saber como lidar, como atender ou envolver uma criança autista em uma atividade, ou até mesmo falar com a família, saber as reais necessidades de uma pessoa com uma deficiência física.
Falando sobre acessibilidade para o autismo Não precisa de rampa, banheiro adaptado, piso tátil e barras, a acessibilidade para o autismo é a informação. Seus colaboradores precisam saber sobre autismo, o que é, quais são as características, como ajudar, como lidar, quais são os direitos, como se sente uma mãe pós-diagnóstico, como acolher, qual a importância dos estímulos sensoriais para uma pessoa autista. Informação é a chave para a inclusão de autistas.
Uma pesquisa realizada pelo IBCCES (International Board of Credentialing and Continuing Education Standards), com 1.000 famílias de autistas, revelou que 87% das famílias não costumam viajar, 87% das famílias viajariam, mas se tivessem opções de locais certificados e 97% das famílias não estão satisfeitas com as opções atuais de viagem e estabelecimentos que atendem autistas. Para incluir é preciso capacitar.
Amanda Ribeiro Mãe do Arthur, 4 anos, autista.
Autora do Blog @mamaequeviaja
& Diretora da Incluir Treinamentos Colunista de Acessibilidade e Inclusão
www.incluirtreinamentos.com.br (11) 9-7327-0252 incluirtreinamentos@gmail.com
Fontes:
*IBGE - https://cnae.ibge.gov.br/
Lei Federal Berenice Piana 12.764 de 27/12/2012
Lei Federal Atendimento Prioritário Nr.10.048 de 08/11/2000
Lei Brasileira da Inclusão da Pessoa com Deficiência 13.146 de 06/07/2015
Meia Entrada Decreto 8.537 de 05/10/2015
Assento Reservado Decreto 8.816 de 20/07/2016
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